Sobre fanfic e amor por uma banda <3

Na semana passada, uma banda da qual sou muuuuito fã anunciou o seu retorno após um looongo (quase interminável, já quase sem esperançashiatus. Essa banda se chama McFly ❤ e quem me conhece sabe o quanto ela significa para mim (All about you foi a música com a qual eu entrei no altar no meu casamento ❤ #chorei).

Desde então eu estou no meu “fangirl” mode on, rs, e me lembrei esses dias de um presente muito especial que ganhei de duas grandes amigas minhas (Aninha, Gabs ❤ suas lindas), que transformaram a minha fanfic de McFly em um livro. 🙂

“Little Joanna” foi escrita em 2009 (como eu estou velha!) e foi inspirada na música de mesmo nome do título da história. É sobre um amor de verão entre dois personagens, um deles sendo um dos membros da banda (#sdds Danny Jones). Por mais vergonha que eu possa sentir ao reler a minha história (porque, né, adolescência e tal), eu tenho muito orgulho de “Little Joanna”, pois foi a primeira história que eu escrevi do começo ao fim, com planejamento de capítulos, clímax, enredo e tudo o que envolve a criação de uma narrativa. 🙂

Lembrar esses momentos de escrita me traz muita alegria (eu escrevi a maior parte da fanfic no meio das minhas aulas no colegial, hahaha!), e eu sempre serei grata por todo o carinho e o amor das minhas amigas envolvidos nesse presente! 😀 ❤

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“Little Joanna”, minha fanfic transformada em livro! ❤ 

Três

Éramos um, ficamos dois
num dia três
do mês quatro
quando o outono se fez.

E do três se fez trinta,
daí se fez um mês:
domingo, terça, quinta,
e já é sábado outra vez.

Música e poesia
se encontraram enfim,
tocando uma mesma trilha
e compondo um só coração por fim.

foto oficial noivinhos

Postcard

No banco do jardim principal ela me esperava.  A encontrei quase como da mesma maneira das vezes anteriores; ela olhava para frente, admirada com a paisagem, independente de ser um dia realmente bonito ou não, e seus pés balançavam no ar, como se brincasse sozinha. E então, primeiro com um olhar surpreso, ela olha para mim. Seu rosto se ilumina com aquele sorriso alegre como o de uma criança, e lindo como o de uma mulher.

Ela estava fantástica sob aquele vestido branco. Não, não era um vestido de noiva; apenas “um vestido de verão para os dias especiais”, como ela uma vez o tinha descrito para mim. As pequenas ondas das pontas de seu cabelo chacoalhavam enquanto ela vinha em minha direção, ainda com aquele sorriso terno, aquele sorriso que, por mais egoísta que possa parecer, eu sabia que era só meu. Eu sabia que ela era só minha, da mesma forma como sabia que eu nunca desejei tanto ser apenas e sempre seu.

Eu havia estatelado desde o instante em que a vi. Ela chegou até mim, e pude sentir meu rosto relaxar enquanto um novo sorriso brotava espontaneamente. Perto dela, me senti meio bobo por não ter reagido e nem dado um passo sequer após vê-la.

– O que foi? – sua voz doce me perguntou em meio a um sorriso bobo, provavelmente por me ver do jeito que eu estava. Acho que sempre ficarei assim ao vê-la neste lugar.

– Nada. E tudo. – respondi, tirando uma pequena risada de sua boca. Levei uma de minhas mãos ao seu rosto, acariciando-o, e senti que ela havia pegado a minha outra mão. Seus olhos se fecharam. Dei um pequeno passo à frente, os olhos ainda fechados; o medo e a vontade misturados naquele olhar oculto que eu tanto ansiava em ver. Nossos corpos quase que se tocavam por inteiro, e então nossos lábios selaram aquilo que não conseguíamos expor em palavras.

Eu adorava o modo como sua mão livre pousava lentamente sobre meu peito. Adorava o gosto de bala de eucalipto em sua boca. Adorava ter uma de minhas mãos em sua cintura. Adorava quando sua mão, brincalhona, deslizava da minha subindo até meu braço, provocando-me cócegas.  Adorava quando nos abraçávamos e ela cochichava em meu ouvido que sempre ficava arrepiada com nosso beijo, mesmo depois de quase um ano inteiro juntos. Eu simplesmente adorava o modo como eu me sentia perto dela, sabendo que ela estava lá para mim, por mim, junto a mim.

– Eu amo você. – ela me disse naquela manhã, ainda abraçada comigo.

– Eu amo você. – olhei-a no rosto, e pude ver uma pequena vermelhidão em suas bochechas. Ela sorriu tímida de repente, e os nossos olhares continuaram naquela conversa incansável sobre aquilo que não era necessário exprimir em palavras.

Girlfriend And Boyfriend Hugging Sketch Barbie Couple Drawing Barbie Boy And Girl Hugging Sketch The 25+
(Créditos da imagem: clique aqui)

 

Lançamento de “As coisas que as mulheres escrevem”

Março tem sido um mês intenso para mim, e o dia internacional da mulher deste ano foi marcado pela minha primeira experiência em um lançamento de um livro do qual eu faço parte. 😀

A Editora Desdêmona lançou a coletânea As coisas que as mulheres escrevem, reunindo textos diversos – contos, crônicas e poesias – de 62 autoras de todo o Brasil em um projeto lindo, forte e muito feminino. Afinal, o que nós, mulheres, temos a dizer? São tantas e tantas palavras para responder a esta pergunta que apenas a literatura para tentar transmitir um pouco do universo que habita em cada uma de nós, e da força que juntas temos frente a um mundo no qual cada vez mais fazemos valer a nossa voz.

Eu fiquei muito feliz e grata quando recebi um e-mail notificando-me que meu poema Sobre ouvir estrelas havia sido selecionado para fazer parte da coletânea. Desde o começo a editora e sua equipe tiveram todo o cuidado e toda a atenção que esperamos que nossos textos recebam (muito obrigada pela paciência, Rosimeri!), e eles foram reunidos em um livro lindíssimo e que foi lançado no dia 08 de Março na Delta Livraria lá em Passo Fundo, Rio Grande do Sul – e, com a companhia do meu noivo, pude participar desse evento lindo e conhecer algumas das escritoras que fazem parte da coletânea.

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Foi a minha primeira experiência lançando um livro, e a estreia não poderia ter sido melhor – conheci autoras incríveis, rabisquei alguns autógrafos, conversei com poetas, contistas e até dei uma entrevista sobre a minha poesia e o projeto maravilhoso da Editora Desdêmona. Foi uma noite repleta de literatura e de alegria por participar de um projeto tão importante como este para a literatura nacional e feminina – precisamos abrir espaço para mais e mais mulheres publicarem seus livros no Brasil, e são com obras como esta da Desdêmona que conseguiremos, pouco a pouco, fazer valer nossa voz no país e mundo afora.

Tomo a liberdade de citar um trecho do prefácio da coletânea, escrito pela organizadora e escritora Luciana Lhullier, cujas palavras não poderiam resumir melhor o espírito do livro:

“[…] Como diz Angelou, ‘não há agonia maior do que carregar uma história não contada dentro de você’. Nós trazemos nossas histórias, agora contadas, nesta coletânea. […]
Se você, leitor ou leitora, se considera forte o suficiente para navegar por estas páginas, abra o livro e nos leia, porque foi aqui neste oceano que desaguamos nossa voz.
E ela não se calará.” [grifo meu]

Muito obrigada mais uma vez, Editora Desdêmona, por todo o carinho com o nosso material, pelo lindo livro que ele se tornou e pela oportunidade de figurar entre um projeto tão especial como este. Muito obrigada também às escritoras incríveis que pude conhecer em Passo Fundo – que honra! E um muito obrigada especial ao meu noivo, meu companheiro de aventuras, por mais esta realização de um sonho. ❤

Clique aqui se quiser adquirir o seu exemplar de As coisas que as mulheres escrevem.

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Porque o primeiro lançamento a gente nunca esquece. 😉

Representatividade sim – e daí? Um olhar sobre Capitã Marvel e Mulher Maravilha

diana carol
Créditos da imagem: @tenartist

Qual o problema da tão discutida “representatividade”?
Saindo do cinema após a pré-estreia de Capitã Marvel, meu noivo me contou que a atriz que interpreta a personagem principal (Brie Larson) já havia recebido críticas por conta de algumas de suas “declarações feministas” quanto ao filme e por falar que haveria representatividade feminina nele. E qual o problema disso? Qual o problema em ser representada?
Saí do cinema com isso na cabeça; eram 3h da manhã e eu não conseguia parar de pensar na questão da representatividade feminina, se havia algum problema em representatividades por si só, e me peguei com o Word aberto escrevendo esse texto – que me levou a pensar na minha infância e em como eu cresci em relação aos modelos femininos (externos, não minha mãe, que sempre foi meu maior modelo na vida) que me cercavam na época.
Nós, mulheres, não crescemos com “modelos” como os meninos: nossa brincadeira enquanto crianças é “brincar de casinha”; temos os forninhos, a geladeirinha, a vassourinha, o nenenzinho que “brincamos”, cuidamos, aprendemos a cuidar para quando crescermos, “pra quando você for mocinha”, “quando você for dona de casa”, “quando você casar”, “quando você for mãe” – falo por minha própria experiência, mas acredito que grande maioria das mulheres da minha geração cresceu assim. Nós não brincávamos com bonecos do Batman, Super Homem etc., Legos construtivos, videogames ou outros brinquedos do tipo, brinquedos de super-heróis do cinema, de desenhos animados, personagens fortes e independentes. Eu tive a sorte de conviver com alguns deles, tanto personagens homens como mulheres, e de ter pais que nunca negaram nem o boneco do Batman para mim (eu e meu irmão nos vestíamos com a roupa do Batman e do Chapolin, inclusive, e eu fiquei fã do super-herói desde criança) nem a boneca de uma das personagens de Sailor Moon (mangá e animê japonês que retrata adolescentes que se transformam em heroínas para combater as forças do mal) que fiz eles comprarem “para o meu irmão” (que na verdade era pra mim, e ele brincava comigo numa boa). Eu tinha alguns modelos como as personagens de Sailor Moon, por exemplo, além das tradicionais Barbies e brincadeiras de “casinha”. Lembro quando ganhei a Barbie veterinária; me lembro da emoção de ter uma Barbie que não era modelo, ou namorada do Ken, ou mãe – que eu brincava até cansar igualmente – mas essa era veterinária, vinha com os acessórios do consultório e até mesmo um gatinho e um cachorro, e eu podia brincar de trabalhar, de ter uma profissão, brincar de “gente grande”.
Nós precisamos de modelos como a Capitã Marvel e a Mulher Maravilha para nos lembrar de que podemos ser mais, para mostrar às meninas, às nossas filhas um dia, talvez, que elas podem almejar ser mais do que donas de casa, mães e namoradas. Carol Danvers se torna a Capitã Marvel não apenas por ter recebido poderes; ela é quem é por toda a humanidade dentro dela; ela é humana, falha, persistente, teimosa, amorosa e isso a torna uma super-heroína. O mesmo se aplica para a Mulher Maravilha, que já era uma mulher forte, determinada e obstinada a combater o que é errado e a lutar pelo o que acredita antes de “lutar pelo amor” (cena final do filme dirigido por Patty Jenkins [2017], na batalha contra Ares), sendo o amor apenas um dos combustíveis que ativa os poderes já inerentes nela. E qual o problema de tais características as impulsionarem a ser quem são? Qual o problema se ser humano e lutar por amor fazem delas heroínas ainda mais poderosas?
Nós precisamos de representatividade. Sim, nós precisamos: os homens crescem vendo seus super-heróis prosperarem, vendo personagens fortes no cinema (não necessariamente com superpoderes) terem sucesso na vida; nós não crescemos assim. Crescemos vendo mulheres bem-sucedidas por terem se casado, mulheres que não podem trabalhar – ou que penam muito mais do que um homem para conseguir o emprego dos sonhos –, mulheres que são donas de casa e que devem preparar o jantar todas as noites, sem falta, para os maridos, mulheres que são mães e não podem ser mais do que mães, mulheres esperando o príncipe encantado resgatá-las. Filmes como Capitã Marvel e Mulher Maravilha possibilitam todo um novo universo para as meninas que estão crescendo hoje em dia; trazem um mundo de possibilidades, nos dão força – sim, super-heroínas incríveis, poderosas e valentes nos inspiram a sermos mais fortes no nosso dia a dia, na nossa própria realidade, com as nossas próprias batalhas. Seja por amor ou pelo o que as tornam mais humanas: são características que representam força, e não fraqueza. Características palpáveis, com as quais podemos facilmente nos relacionar.
Ter personagens mulheres como protagonistas de filmes de super-heróis não é “lacração”; nem tudo precisa ser. Somos protagonistas de nossas histórias, e por que não contar aquelas que são de alcance geral? Precisamos sim de mais mulheres como Carol Danvers, Diana Prince, Elizabeth Bennet (Orgulho e Preconceito), Tris Prior (Divergente), Violet Baudelaire (Desventuras em Série), Hermione Granger (Harry Potter) e tantas outras personagens que nos inspiram a sermos as heroínas de nossas próprias vidas.

#representationmatters

Obs: Vez ou outra abro espaço aqui no meu blog para escrever textos não literários – este é um desses casos. 😉 Se quiser ler uma outra review minha, clique aqui.

Primeiras impressões

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Os carros vão passando
do lado de fora
e, dentro, as folhas, o ar,
o vento, ventando
os pássaros, cantando,
as pessoas, andando.
Dentro de mim  há sentimentos
maiores que um mundo:
um exagero de pensamentos
que busco infinitamente
decifrar, traduzir,
transmitir.
Há sempre uma dúvida
e sempre uma certeza.
E tudo o que ainda parece
perdido
não de repente encontra
um lugar, um abrigo.
E as folhas do verão,
vêm e vão,
o silêncio sonoro do vento,
venta e vai,
os ônibus vermelhos e as
as buzinas ao longe,
tudo e nada,
e todo o  sentido, enfim.


(Hyde Park, 18/07/2013)

Falo que vou escrever

Falo que vou escrever
falo que vou ler
falo demais
falo
falo falo não faço
falo que vou parar de ter preocupações desnecessárias imaginárias secundárias falo mas me preocupo me pré-ocupo com preocupações ocupações desnecessárias secundárias que tomam-me o dia o tempo a hora o minuto o segundo quanto tempo tem o tempo que me resta qual o tempo que temos agora amanhã será que virá não virá ou virá não virá ouvirá as palavras finalmente incansavelmente determinadamente precisamente a retomar o que sempre diz mas não condiz não fiz não quis ou quis mas não fiz falei falo que vou escrever sobre escrever sobre um labirinto escondido dentro lá dentro mas fora ignora a demora de fazer o que falo que vou fazer mas não faço
falo não faço
falo me canso
falo mas faço
falo
me
calo.